Há uma questão que é muito discutida e gera muitas opiniões distintas: a dicotomia fidelidade versus liberdade.
Todos nós sabemos intuitivamente que a tradução de um texto se faz por partes. Muitas vezes nos deparamos com itens lexicais desconhecidos, estruturas sintáticas incompreensíveis e/ou ambiguidades semânticas de difícil solução. Os Estudos de Tradução chamam essas “partes” de Unidades de Tradução (UT). As delimitações das UTs dependem de cada um de nós e de nossa bagagem cognitiva.
Vinay e Darbelnet definiram com muita perspicácia a UT como “o menor segmento de um enunciado cuja coesão de sinais seja tal que esses não possam ser traduzidos separadamente”. Há uma maior preferência dos tradutores por situar a UT nos níveis da frase e da oração.
Mas muitos estudiosos defendem a ideia de que o texto seria uma única unidade de tradução, pois deve ser visto como um todo, e não em partes. Aí entra a questão da fidelidade e liberdade. A tradução livre favorece a oração ao passo que a tradução literal defende a hegemonia da palavra. Podemos então dizer que quanto menor for a UT, mais literal será o resultado.
A demarcação das UTs é o ponto de partida para uma boa tradução. Cada um de nós faz traduções diferenciadas exatamente porque partimos de UTs diferentes. Podemos acrescentar ou reduzir itens para processá-las de modo mais adequado. O que realmente importa é nossa atenção consciente em torno do foco do nosso trabalho.
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